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Tecnologia lusa brilha no desporto

Não só de atletas e treinadores se faz o desporto nacional. Fora dos campos, a startup portuense Kinematix também tem vindo a destacar-se nesta área, através da criação de sistemas médicos que permitem melhorar a performance dos atletas ou evitar lesões. A tecnologia portuguesa já serviu para avaliar o plantel do Chelsea FC.

A partir do Porto, a Kinematix pretende revolucionar os métodos de trabalho na área do desporto à escala mundial. Como? Através da criação de dispositivos médicos electrónicos capazes de recolher informação a partir do movimento do corpo e postura dos atletas e, dessa forma, ajudá-los a melhorar a sua performance ou evitar lesões. Os aparelhos da startup portuguesa já foram utilizados para avaliar o plantel do clube de futebol britânico Chelsea FC, actualmente orientado por José Mourinho. «Contamos a curto prazo ser um player global incontornável na área do desporto profissional, semiprofissional e amador», aponta Paulo Ferreira dos Santos. CEO da empresa.

A Kinematix foi fundada em 2007 (na altura com o nome Tomorrow Options) no âmbito do Miete - Mestrado em Inovação e Empreendedorismo Tecnológico, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Apesar do desporto ser uma das suas principais áreas de actuação, os dispositivos da companhia dirigem-se também à indústria médica, podendo contribuir para a redução de problemas associados à diabetes, osteoartrite, AVC, disfunções músculo-esqueléticas, lesões ortopédicas, entre outras.

Na base do seu funcionamento, os dispositivos da Kinematix incorporam sensores inerciais - sensores de movimento baseados na inércia, que são hoje utilizados, por exemplo, em smartphones. A exploração desses sensores é feita através de algoritmos e sotware desenvolvidos in-house, que permitem medir e reportar a informação em tempo real aos profissionais de saúde. Toda a tecnologia de base e produtos são desenvolvidos nas instalações da companhia no Porto, envolvendo uma equipa multidisciplinar composta por colaboradores de áreas como engenharia, design ou marketing.

Promover a medicina participativa

Paulo Ferreira dos Santos

Recentemente, a Kinematix entrou no segmento dos wearables com o lançamento do Orthomonitor, um dispositivo electrónico para ser embebido em qualquer tipo de ortoses ou próteses e que mede a actividade e performance dos pacientes durante o tratamento, dando-lhes feedback através do telemóvel. A tecnologia pode ser também utilizada pelo médico ou fisioterapeuta para avaliar e definir os passos seguintes. «Deste modo, pretende-se reduzir significativamente o tempo de recuperação dos pacientes nalgumas patologias, como, por exemplo, AVC, que exigem tempos de recuperação longos e em que a motivação dos pacientes desempenha um papel fundamental», explica Paulo Ferreira dos Santos. «O dispositivo promove a cooperação entre médico ou fisioterapeuta e o paciente, envolvendo todos num conceito de medicina participativa, de eficácia reconhecida. Esta tecnologia vem tornar visível o que era até agora invisível para o médico durante a fase de recuperação: informação objectiva sobre a performance do paciente durante as suas rotinas diárias», acrescenta.

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Desde a sua génese, a ambição da spin-off da FEUP e do INESC TEC passa por crescer no mercado internacional, de onde provém a quase totalidade do seu volume de negócios. Depois de em 2013 ter recebido um investimento de 2,6 milhões de dólares (cerca de 2,2 milhões de euros, ao câmbio actual) por parte da sociedade de capital de risco Portugal Ventures, a Kinematix abriu uma subsidiária em Boston (EUA), que se juntou à filial que a empresa já detinha em Sheffield (Reino Unido) e ao escritório próprio em Amesterdão (Holanda). Para além disso, a companhia possui uma rede de parceiros que redistribuem os seus produtos na Bélgica, Holanda, Alemanha e Itália, estando neste momento a trabalhar na construção de uma rede semelhante nos EUA, onde os seus produtos foram já certificados pela autoridade reguladora, a Food and Drug Administration (FDA).

Já no mercado português, a empresa tem vindo a desenvolver uma parceria com o Hospital Agostinho Ribeiro, em Felgueiras, para testar os seus produtos. "A ausência de clientes em Portugal e a dificuldade de conseguir hospitais ou unidades de saúde que colaborassem connosco inicialmente, obrigou-nos a “emigrar” cedo», justifica Paulo Ferreira dos Santos.

 Tecnologia “joga” em vários campos

O primeiro produto desenvolvido pela Kinematix chama-se Walkinsense e contribuiu, desde logo, para abrir as portas do mercado internacional. Trata-se de um sistema de análise da marcha e pressões plantares, que monitoriza em tempo real onde é que os utilizadores aplicam pressão enquanto caminham. O produto, que consiste numa sola ligada a um pequeno aparelho electrónico, foi criado para ajudar os médicos a tratarem pacientes com pé diabético, uma doença que causa úlceras nos pés. Desta forma, o Walkinsense permite desenhar palmilhas e calçado personalizado para pacientes com diabetes, mas também distúrbios de marcha ou outros problemas ortopédicos.

O sistema Walkinsense, que foi desenvolvido ao longo dos três primeiros anos de actividade da empresa portuense, tem despertado também a atenção de vários profissionais e entidades da área do desporto, interessados na monitorizaçüo, em ambiente real, do esforço muscular realizado pelos atletas. Entre outras funcionalidades, o equipamento permite quantificar o tempo que os atletas passam em acções repetitivas para se poder mudar os planos de treino e reduzir assim o risco de lesão.

Na área do desporto, a startup portuguesa trabalha directamente com técnicos, que por sua vez trabalham com os clubes ou desportistas. O sistema Walkinsense tem sido usado por esses técnicos em desportos como o futebol, basquetebol, ténis, atletismo, críquete, patinagem, ballet, râguebi, entre outros.

Para nomear alguns projectos mais relevantes, para além do Chelsea FC, também a equipa britânica de râguebi Leicester Tigers já beneficiou da tecnologia portuguesa. O contacto com as duas equipas chegou através de uma podologista que trabalha com vários clubes de futebol da primeira liga britânica e que em 2011 pediu à Kinematix para ajudar a avaliar toda a equipa do Chelsea FC. «Esta podologista referiu-nos ao fisiologista do Leicester Tigers, que posteriormente nos contactou», recorda Paulo Ferreira dos Santos. «O desafio que nos colocou é enorme do ponto de vista tecnológico e de usabilidade, mas começa a produzir resultados e tem grande potencial de ser posteriormente usado noutro desporto similar, mas muito mais rico, o futebol americano», sublinha o mesmo responsável.

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A par do Walkinsense, a Kinematix desenvolveu o Movinsense, um sistema que pretende usar a informação do movimento do tronco de pacientes acamados para auxiliar enfermeiros a gerir as tarefas de reposicionamento, reduzindo o tempo e esforço despendido, e aumentado a qualidade dos cuidados. «Existe um número enorme de problemas médicos que exige um controlo da posição e do tempo em cada posição: pulmonares, cardíacos, trauma, cirurgias, úlceras, entre outros. Acreditamos que o Movinsense é a grande inovação em décadas direccionada para a enfermagem, uma actividade muito difícil que infelizmente não tem sido beneficiada com os avanços tecnológicos que merece», sublinha Paulo Ferreira dos Santos.

Neste momento, a prioridade da Kinematix passa por captar novos investidores e continuar o seu movimento de expansão internacional, nomeadamente no mercado norte-americano. «Julgamos que a fase mais crítica foi ultrapassada e que a coragem de desenvolver todo o produto, hardware, software e aplicações nos trouxe uma reputação internacional muito positiva», afirma o CEO da Kinematix. «Para sermos bem-sucedidos temos que estar presentes fisicamente nalguns países para desenvolver relacionamentos, construir visibilidade e credibilidade e convencermos os potenciais parceiros de que lhes traremos valor», conclui.

Marketeer, 1 de janeiro de 2015

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