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Start-ups tecnológicas são "único caminho" para criação de emprego em Portugal

“Nos EUA, na última década, onde se criou emprego foi neste tipo de empresas”, diz o presidente do INESC Porto.

O presidente do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto (INESC Porto), José Manuel Mendonça, defendeu nesta terça-feira a aposta nas novas empresas de base tecnológica como “único caminho” para criação de emprego em Portugal.

“Não estou a ver outro caminho, uma vez que nas empresas tradicionais, estabelecidas no mercado, o aumento de competitividade através da tecnologia resulta, invariavelmente, numa diminuição do emprego. Portanto, têm que ser as novas empresas [start-up] de base tecnológica a absorver a mão-de- obra excedente”, afirmou.

Em declarações à agência Lusa à margem da conferência Empreendedorismo Tecnológico, que decorre no Porto, José Manuel Mendonça salientou que, “nos EUA, na última década, onde se criou emprego foi neste tipo de empresas e onde se perdeu emprego foi nas empresas estabelecidas”. E se, neste período, o saldo líquido de criação de emprego foi negativo é porque “foram anos de crise, o que quer dizer que, se não fossem as novas empresas de base tecnológica, o saldo teria sido muito pior”.

Promovida pelo INESC Porto e pela Associação Nacional dos Jovens Empresários (ANJE), a conferência pretende divulgar os resultados obtidos com o projecto Tec-Empreende, destinado a potenciar o sucesso das empresas de base tecnológica, e apresentar as seis start-ups que passaram para a fase de incubação do programa.

Conforme explicou à Lusa o presidente do INESC Porto, o objectivo do projecto – co-financiado por fundos estruturais e pelo ON2 – foi “aumentar as probabilidades de êxito das empresas de base tecnológica”, assegurando-lhes, desde o nascimento, acompanhamento através de “coaching, mentoring e consultoria em diversas áreas, desde a prova de conceito e do produto, ao marketing, áreas financeiras e jurídicas, propriedade intelectual e internacionalização”. “Tudo áreas de consultoria que as empresas tecnológicas de pequena dimensão não têm, geralmente, nem conhecimentos, nem capacidade financeira para poder obter”, salientou José Manuel Mendonça.

Defendendo que “este é o modelo que devia ser sistematizado”, o responsável admite, contudo, que “ainda é a excepção em todo o mundo”, já que “a maioria das incubadoras em Portugal e em todo o mundo se limitam a alugar um espaço e um conjunto muito básico de serviços”. “Muitas vezes, o dinheiro do investidor é o chamado blind [cego] ou dumb [tolo] money, porque não é acompanhado de consultoria e de conhecimento nestas áreas, é só dinheiro, quando, muitas vezes, as empresas precisam de, mais do que dinheiro, de inteligência de negócio”, disse.

Relativamente ao financiamento destas novas empresas, José Manuel Mendonça admite as “enormes dificuldades”, sobretudo na fase de lançamento, mas defende que “o capital de risco está sempre disponível” e que, “quando as empresas começam a ganhar algum dinheiro e a internacionalizar-se, toda a gente quer pôr lá dinheiro”.

A iniciar a fase de incubação ao abrigo do Tec-Empreende, mas “já no mercado” e apresentadas nesta quarta-feira, estão as seis novas empresas Kognit, Grabmark, Top Research, SensorialFit, Bewarket e JoinIT. Segundo a ANJE, os projectos Top Research, Bewarket e Grabmark actuam na área das aplicações web e mobile: a primeira com o gestor de ficheiros Top Files (que facilita o acesso a informação através de dispositivos móveis sincronizados com o computador); a Bewarket com o novo conceito de comércio social (que coloca as redes sociais ao serviço das transacções electrónicas, permitindo que se compre e venda dentro do Facebook); e a Grabmark com uma plataforma de partilha e troca de conteúdos entre estudantes.

Ainda no campo do conhecimento, mas já fora do âmbito das aplicações web, o projecto Kognit, uma marca da empresa apelidada Fantastiktomorrow, utiliza a tecnologia para promover a literacia científica e tecnológica infanto-juvenil, prevendo-se que implemente o programa em 50 escolas de Coimbra.

Já o projecto SensorialFit dedica-se ao vestuário infantil, com roupas funcionais e fáceis de vestir e despir que, através de acessórios interactivos, visam estimular o desenvolvimento sensório-motor das crianças com necessidades especiais, enquanto a JoinIT se dirige, em simultâneo, aos mercados turístico e publicitário, ao apostar num inovador conceito de publicidade habitável.
 

Público, 28 de maio de 2013

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