"Spin-off" do INESC Porto capta 2,6 milhões de dólares de capital de risco e abre filial nos EUA
Uma "spin-off" do INESC Porto – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto, a Kinematix, convenceu a Portugal Ventures a financiar o projecto com 2,6 milhões de dólares, perto de 1,9 milhões de euros ao câmbio actual. Após um ano de negociações, este valor – soma aos 2,4 milhões de dólares investidos pela mesma sociedade de capital de risco pública em 2008 – será agora aplicado para "focar" o negócio nos Estados Unidos, através de uma filial em Boston.
O CEO da Tomorrow Options, que agora mudou o nome para Kinematix, explicou ao Negócios que, além da sua própria dimensão, a maior economia do mundo oferece estabilidade regulatória em tecnologias médicas e uniformização nos vários Estados, ao contrário da Europa (tem uma filial em Inglaterra e um escritório na Holanda). Os dois produtos da empresa já estão certificados pela agência "Food and Drug Administration". O Walkinsense mede a distribuição do peso na planta do pé, enquanto o Movinsense monitoriza a posição dos doentes acamados, evitando feridas ou quedas.
Paulo Ferreira dos Santos, 49 anos, acredita que o programa ObamaCare, que precipitou o polémico "shutdown" nos EUA, vai "beneficiar tremendamente" estes aparelhos, que prometem reduzir os custos com internamentos prolongados. Após "convencer gente reputada desta área a entrar no projecto", o empresário acredita que a Kinematix tem agora "credibilidade para explorar um mercado muito competitivo e captar um investidor americano no prazo máximo de um ano".
É que "o dinheiro não é tudo, mas ajuda a contratar mais e melhor gente para suportar a actividade comercial, de marketing e desenvolvimento" num país em que "start-ups" ainda fora do mercado têm "dez vezes mais dinheiro". José da Franca, CEO da Portugal Ventures, frisou que "a presença forte" nos EUA "é um passo importante para o crescimento da empresa", que emprega 22 pessoas de quatro nacionalidades.
Criada em 2007 durante um mestrado na Faculdade de Engenharia do Porto, a "spin-off" produz estes dispositivos electrónicos na Polónia, Portugal, Espanha e China. Ainda que o ciclo de vendas seja lento neste sector, Paulo Santos promete retorno aos investidores: em três anos a facturação vai "disparar" e atingir "patamares muitíssimo elevados".
2009 - início da internacionalização com a abertura da subsidiária em Inglaterra. Foi um ano antes de lançar o primeiro produto.
Jornal de Negócios, 28 de outubro de 2013