Programa Carnegie Mellon Portugal quer ter iniciativas empreendedoras de investigação
A parceria entre as universidades portuguesas e a norte-americana Carnegie Mellon vai apostar na continuidade do intercâmbio de docentes e investigadores e em iniciativas empreendedoras de investigação, disse à agência Lusa esta terça-feira João Claro, o novo director do Programa Carnegie Mellon Portugal.
“Vamos continuar a executar o programa de intercâmbio, que teve muito sucesso, pelo qual passaram mais de 40 docentes e investigadores”, afirmou João Claro, docente da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e que tomou posse no início do mês como director do programa.
Lançada em 2006, a parceria foi renovada em finais de Setembro, em Lisboa, com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, prevendo um financiamento anual de quatro milhões de euros até 2017. Mas, tal como sucedeu na primeira fase, serão procuradas fontes alternativas de financiamento, seja junto dos parceiros norte-americanos, seja das empresas portuguesas. A cooperação assenta na criação de novos produtos em seis áreas estratégicas: redes de nova geração; engenharia de software; sistemas ciberfísicos para inteligência ambiente; computação centrada no ser humano; estudos das políticas públicas e do empreendedorismo em indústrias de elevado crescimento; e matemática aplicada.
“Vamos apoiar novos projectos de investigação, que vão assumir agora um modelo um bocadinho diferente dos anteriores, a que chamamos ‘iniciativas empreendedoras de investigação’, que vão ser orientadas para problemas reais, concretos, relevantes, mas que tenham também desafios científicos significativos”, acrescentou.
“Vamos continuar a executar o programa de intercâmbio, que teve muito sucesso, pelo qual passaram mais de 40 docentes e investigadores ” [João Claro]
Os novos projectos terão uma escala maior em relação à primeira fase. Serão desenvolvidos por equipas multidisciplinares, em articulação com a actividade de investigação e formação avançada, no âmbito da parceria que envolve nove universidades portuguesas, vários laboratórios associados, 80 empresas e a Universidade Carnegie Mellon, envolvendo também docentes e estudantes.
João Claro exemplificou que o mais parecido dos projectos da primeira fase com as características associadas às iniciativas empreendedoras de investigação foi o projecto Drive-in, actualmente instalado em “largas centenas de táxis” do Porto. “Foi o projecto que teve maior volume de investimento e, pela forma como foi configurado, tem muito destes elementos que queremos ter nas iniciativas empreendedoras da segunda fase.”
O projecto envolveu equipas da área das comunicações, tinha peritos em mobilidade e transporte, mas também da área da interacção entre o homem e o computador. O objectivo final é investigar como é que a comunicação entre veículos pode melhorar a experiência do condutor e do uso da estrada. “Envolveu várias empresas, o próprio Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres e várias universidades”, referiu João Claro. O trabalho consistiu na construção de uma plataforma instalada nos veículos, que permitiu fazer a experimentação das tecnologias desenvolvidas e ter uma “interacção muito próxima com o mercado”.