MIRES: de projeto europeu para a criação de um roteiro da indústria musical a festival de tecnologia musical
Uma iniciativa com financiamento europeu para a criação de um roteiro da indústria musical levou à organização de um conjunto de eventos sobre tecnologia musical em todo o mundo. Cinco eventos ‘Music Tech Fest’ (Festival de Tecnologia Musical) já tiveram lugar e outros 13 estão programados para o próximo ano, abrangendo oito países e atraindo centenas de participantes.
Todos nós somos influenciados pela música, e os organizadores do projeto MIRES acreditam que o Music Tech Fest está a galvanizar o mundo da tecnologia musical ao envolver editoras discográficas e empresas de alta tecnologia de todo o mundo, assim como start-ups e PME inovadoras, artistas novos e estabelecidos, criadores e hackers, designers e académicos.
‘A área da Music Information Retrieval (MIR; em português: recolha de informação musical) tem-se focado na análise de sinais sonoros, na procura de uma pesquisa mais eficaz e um acesso mais rápido a coleções digitais de gravações musicais’, explica Michela Magas, coordenadora do projeto MIRES e fundadora do Music Tech Fest.
Michela Magas considera que o advento das redes sociais com base na web levou à criação de um mercado global dinâmico para a música digital, serviços relacionados, e a um novo comportamento por parte dos utilizadores, o que representa desafios e oportunidades relevantes para a exploração comercial.
‘O nosso objetivo era criar um roteiro europeu para a Investigação em Informação Musical’, afirma, ‘por forma a abordar os principais desafios, criar normas de avaliação da investigação nesta área, e promover colaborações com várias disciplinas.’
O projeto incluía a organização de workshops por forma a permitir o encontro entre artistas e cientistas, assim como membros da indústria e academia. O resultado final foi um ‘festival de ideias musicais’, uma plataforma criativa para a troca de ideias, sem o jargão de áreas de atividade específicas.
A partir do momento em que foi criado um website para o Music Tech Fest, o interesse explodiu. ‘O número de participantes começou a crescer diariamente, e cedo percebemos que o nosso orçamento era demasiado baixo’, afirma Michela Magas. ‘Então recebemos financiamento adequado por parte do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), e a minha empresa, a Stromatolite, também investiu substancialmente no evento.’ O projeto MIRES, que ficou concluído em março de 2013, recebeu ainda 573 000 € de financiamento do 7º Programa-Quadro da União Europeia.
Sucesso sem precedentes para um projeto europeu
O Music Tech Fest foi lançado em Londres em 2012 e reuniu entidades importantes como Soundcloud, Spotify, Shazam, EMI Music e BBC, e editoras discográficas inovadoras como Ninja Tune e Warp, meios de comunicação sobre tecnologia como a WIRED, grandes artistas e um elevado número de startups inovadoras.
‘Em 2014 vamos tornar-nos globais’, afirma Michela Magas, ‘e estaremos em cidades como Wellington, Boston, Berlim, Paris e Nova Iorque.’ O evento-bandeira em Londres faz já parte da programação de outono do Barbican LSO St Luke’s, em parceria com a Orquestra Sinfónica de Londres, e em 2015 vamos levar o festival ao campus Umeå na Escandinávia, assim como a São Paulo, Los Angeles e Amesterdão.
Ainda que o sucesso do Music Tech Fest tenha sido um resultado inesperado da iniciativa MIRES, o objetivo original de criar um Roteiro Europeu também foi atingido com sucesso. ‘O documento final do roteiro teve um impacto notável na comunidade que desenvolve investigação em MIR’, afirma, ‘tendo contribuído para a criação de normas para a produção musical e gestão de bibliotecas digitais.’ Este trabalho levou ainda ao desenvolvimento de um quadro para uma rede de excelência em MIR, envolvendo promotores e stakeholders.
Algumas das atividades promovidas pelo MIRES podem parecer um pouco abstratas ou académicas, mas há muito mais além disso. A comunidade académica do Music Tech Fest lançou o ‘Manifesto para a Investigação em Tecnologia Musical’, onde se destaca a importância destas atividades para todos os cidadãos e diferentes áreas de estudo, assim como debates sobre políticas de propriedade intelectual.
‘A interseção entre música e tecnologia tem um impacto profundo no bem-estar, na cultura e experiência criativa de todos os cidadãos’, explica Michela Magas, ‘enquanto que o alcance do Music Tech Fest nos permite encorajar novas direções económicas, novos modelos de negócio e novas ideias empreendedoras.’
O projeto contou com sete parceiros de cinco países: MTG, STROMATOLITE, OFAI, INESC TEC, IRCAM, C4DM e BMAT.
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Joana Ferreira
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