Investigadores do Porto criam tecnologia que pode chegar ao espaço em 2018
Em comunicado, o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto (INESC Porto) informa que o LIDAR, previsto para integrar veículos espaciais em missões de exploração do sistema solar, foi desenvolvido por Filipe Magalhães e Francisco Araújo, ambos investigadores do laboratório associado INESC TEC.
Este é um projeto financiado pela ESA, cuja principal vantagem, de acordo com Filipe Magalhães, é a leveza de um equipamento que pode auxiliar na aterragem de sondas, na navegação de robôs na superfície de planetas ou luas e até na recolha e transporte de amostras do solo de Marte para a Terra.
"Nas missões espaciais, cada quilograma a mais traduz-se em milhares de euros de despesa em combustível e energia", referiu Filipe Magalhães.
Mas o sistema "compressive sensing" (sensorização compressiva) permite que seja possível recolher imagens - resolução de 1024x768 - com uma câmara de apenas um detetor com apenas um pixel, sem qualquer tipo de varrimento ou movimento, o que torna esta tecnologia leve.
Outra vantagem do LIDAR desenvolvido pelos investigadores do INESC Porto, com o apoio da ESA, é a recolha de imagens 2D e 3D que servem para medições em comprimentos de onda, algo que até à data "eram impossíveis ou então muito dispendiosas".
Segundo o técnico da ESA João Pereira do Carmo, citado no comunicado do INESC Porto, "a inexistência, na Europa, de detetores de grande resolução para a obtenção de imagens 3D e os elevados custos do seu possível desenvolvimento", levaram a Agência Espacial Europeia "a promover soluções alternativas e de grande potencial" com é considerada esta proposta de Filipe Magalhães e Francisco Araújo.
"Outra vantagem do sistema é a possibilidade de miniaturizar o sensor, reduzindo substancialmente a massa e a potência consumida, exponenciando o número de aplicações e missões espaciais para o qual pode ser considerado no futuro", salienta João Pereira do Carmo.
Pretende-se, assim, que o LIDAR do INESC Porto venha a permitir identificar qual a melhor localização para a aterragem das sondas espaciais na Lua ou em Marte.
Este radar fará essa identificação através de uma análise topográfica do terreno, tendo por base a aquisição de imagens e as respetivas distâncias registadas para cada pixel da imagem.
Conforme dados do INESC Porto "os robôs exploradores na superfície do planeta também podem detetar obstáculos e movimentar-se mais facilmente graças às potencialidades abertas por este sistema".
"Facilitar a recolha e o transporte de amostras do solo de Marte para a Terra, ao localizar a posição exata da cápsula em órbita com as amostras", é outro dos objetivos do sistema desenvolvido pelos investigadores do laboratório do Porto que conta arrancar com uma segunda fase de desenvolvimento deste sistema já no início de 2014.
"O INESC TEC, Laboratório Associado coordenado pelo INESC Porto, é uma das poucas instituições do mundo a trabalhar na aplicação desta tecnologia à exploração espacial, lê-se no comunicado.
Jornal de Notícias on-line, 30 de dezembro 2013