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INESC TEC vai prever resultados estéticos de cirurgia do cancro da mama

Os centros académicos e clínicos do INESC Porto, entidade coordenadora do Laboratório Associado INESC TEC (Portugal), LUMC (Holanda), UCL (Reino Unido), KCL (Reino Unido) e Philips juntam-se para desenvolver ferramentas que ajudem as mulheres a escolher entre as diferentes opções de tratamento para o cancro da mama de acordo com o resultado estético.
Com a taxa de sobrevivência de dez anos a exceder agora os 80% [1], os efeitos de uma intervenção cirúrgica na autoimagem desempenham um papel fundamental para a recuperação emocional e psicológica de uma mulher. As ferramentas desenvolvidas no âmbito do projeto PICTURE (Patient Information Combined for the Assessment of Specific Surgical Outcomes in Breast Cancer), com a duração de três anos e financiado pela UE, têm como objetivo atribuir às pacientes papel mais consciente na decisão do processo terapêutico. Desta forma, sentirão mais controlo sobre o próprio tratamento, o que lhes transmitirá segurança e permitirá melhorar os resultados visuais. Estima-se que para 30% das mulheres submetidas a uma cirurgia conservadora, o resultado estético não é o desejado.

O cancro da mama é o tipo de cancro mais comum na Europa e é normalmente tratado com cirurgia, frequentemente conjugada com tratamentos de radioterapia e sistémicos. São dois os tipos de cirurgia disponíveis: cirurgia conservadora (também conhecida como lumpectomia) ou mastectomia. No entanto, mesmo a cirurgia conservadora pode afetar a aparência da mama, o que pode implicar um grande nível de ansiedade para a paciente. Por isso, um bom resultado estético é um aspeto importante a ter em conta no tratamento do cancro, uma vez que está fortemente ligado à recuperação psicológica da paciente e à sua autoimagem após o tratamento. Ainda assim, estima-se que para 30% das mulheres submetidas a uma cirurgia conservadora, o resultado estético não é o desejado [2].

“O cancro da mama é cada vez mais uma doença tratável, mas muitas mulheres viverão vários anos com as consequências da sua terapia. As alterações no aspeto da mama podem ter um impacto muito significativo na sua autoestima e no seu dia-a-dia. O tratamento do cancro da mama desenvolveu-se de tal forma que os médicos, cirurgiões e pacientes podem agora juntar-se para pesar todos estes fatores e participar assim de um processo de decisão partilhado sobre as opções de tratamento. No entanto, não existia até agora uma forma objetiva de avaliar o resultado estético de um tratamento ao cancro da mama”, afirmou a Professora Maria João Cardoso, médica, doutorada, investigadora no INESC TEC e Cirurgiã-Chefe na Unidade de Cancro da Mama da Fundação Champalimaud em Lisboa.

“Esperamos que o demonstrador do projeto PICTURE consiga ir mais longe e capacitar as nossas pacientes, prestando-lhes um tratamento mais personalizado. Este trabalho tem ainda potencial para apoiar os médicos permitindo um processo de decisão e de avaliação mais objetivo após o tratamento”, afirmou o Dr. Mohammed Keshtgar, médico, doutorado e Consultor de Cirurgia Oncológica da UCL (Reino Unido) e do Royal Free London NHS Foundation Trust.
 
É este o enfoque do projeto PICTURE. O objetivo desta colaboração é desenvolver um protótipo de uma ferramenta que permita prever qual será o aspeto da mama depois de submetida a uma cirurgia conservadora. Para além de tranquilizar as pacientes acerca dos efeitos cosméticos a longo prazo da cirurgia, a ferramenta poderá ser usada para avaliar os resultados de diversas opções terapêuticas. Desta forma, a ferramenta poderá ser um importante contributo para as discussões entre médicos e pacientes relativamente à melhor opção de tratamento – clínica e esteticamente – para cada paciente. Para além disso, a ferramenta tem potencial para apoiar os cirurgiões na otimização aspetos relacionados com a cirurgia (tais como o tamanho e localização da incisão) por forma a minimizar as alterações na aparência da mama.

Para isso, o consórcio do PICTURE pretende desenvolver técnicas de modelação biomecânica que fazem uso de fotografias em 3D e exames de diagnóstico comuns (tais como mamografias, ecografias e ressonâncias magnéticas) para criar uma representação digital da anatomia da mama. O objetivo é que este modelo digital permita prever e visualizar os efeitos estéticos do tratamento. Uma vez desenvolvida, a ferramenta protótipo será validada através de dados fornecidos voluntariamente por pacientes que já foram submetidas ao tratamento do cancro da mama.

“A Philips pretende transformar os cuidados de saúde através de um sistema inovador, centrado na paciente, que permita melhorar a qualidade de vida das pessoas. Com o PICTURE, estamos a aliar a nossa experiência nas áreas da oncologia, processamento de imagem e imagens médicas às capacidades clínicas e académicas dos nossos parceiros. As tecnologias desenvolvidas no âmbito do PICTURE poderão ajudar oncologistas e cirurgiões nos seus esforços para fazerem do tratamento do cancro da mama um processo mais focado nas pessoas, que inclua as pacientes e as suas preferências logo na fase inicial do tratamento”, afirmou o Dr. Jörg Sabczynski, Cientista Sénior na Philips Research e coordenador do projeto PICTURE.

O projeto PICTURE tem a duração de três anos e ficará concluído em janeiro de 2016, contando com um financiamento de 2,15 milhões de euros do 7º Programa-Quadro da União Europeia, no âmbito do acordo n° FP7-600948.

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[1] J. Ferlay, E. Steliarova-Foucher, J. Lortet-Tieulent, S. Rosso, J.W.W. Coebergh, H. Comber, D. Forman, F. Bray: “Cancer incidence and mortality patterns in Europe: Estimates for 40 countries in 2012”, European Journal of Cancer (2013) 49, 1374– 1403.

[2] C. E. Hill-Kayser, C. Vachani, M. K. Hampshire, G. A. Di Lullo, e J. M. Metz, “Cosmetic Outcomes and Complications Reported by Patients Having Undergone Breast-Conserving Treatment”, International Journal of Radiation Oncology Biology Physics (2012) 83, 839-844.

CiênciaPT.net, 19 de setembro de 2013

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