INESC TEC e UITT: No caminho certo da inovação e do empreendedorismo
Muito recentemente fiz parte de um júri no âmbito do Boot Camp Ciência Viva, pelo INESC TEC/UITT (mini-planos de negócio apresentados por jovens no âmbito da Ocupação Científica de Jovens nas Férias). Avaliei, com mais dois colegas de júri, apresentações de possíveis futuras empresas realizadas por alunos do secundário. Foi muito gratificante este contacto. O que seríamos com um milhão e meio de jovens assim, motivados e ambiciosos, dispostos a abdicar de tempo livre para se testarem e para aprenderem? Temo que sejam mais exceção do que regra este tipo de jovens. Mas e se houver de facto um núcleo considerável de pessoas com talento mas sem oportunidades? Aí seremos nós, pertencendo a instituições de renome, que teremos que os ‘ir buscar’. Mas como?
A tarefa da educação e da transmissão de conhecimento vejo como uma espécie de um jogo. Temos que ajudar a delinear um terreno para que os participantes possam mostrar o que valem. E é nesse terreno que me tenho surpreendido. Faltará disciplina aos portugueses, temos que a proporcionar? Sou dessa opinião. Os portugueses são muito criativos, temos que ajudar a colocar ‘balizas’ para onde poderão apontar essa criatividade toda. Mas isso nem sempre é fácil.
Faltará um ecossistema em Portugal para jovens empreendedores se poderem aconselhar e discutir soluções? O INESC TEC/UITT já oferece coaching e aconselhamento de reconhecida qualidade e que tem recolhido feedback muito positivo. Um desafio é levar produtos e serviços portugueses de jovens empreendedores às massas. Nas melhores universidades e instituições há mentores que poderão ajudar. Até de diversas nacionalidades... A ligação laboratório de investigação/universidade com as organizações empreendedoras está cada vez mais ‘afinada’. Julgo que será uma questão de tempo até conseguirmos a nossa ‘Microsoft’ ou a nossa ‘Apple’. Fundada por portugueses. Mas ficarão por cá? Isso é uma incógnita.
Portugal tem um problema de falta de escala. A internacionalização é fundamental. O problema eventual do ‘Made in Portugal’ é facilmente ultrapassável com o sinal do ‘Made in Europe’ muito desejável. A Europa traz coisas boas, a concorrência é que é forte e a sociedade que idealizamos poderá ter que mudar. Aí entram os jovens, que terão que ‘tomar conta do recado’ e fornecer o crescimento sustentado tão desejado.
Não esqueçamos que a Europa concorre com a China, os EUA, o Japão, certos países na América Latina, entre outros. Isso significa que temos que ser melhores. Mas não significa que o teremos que fazer sozinhos. Os melhores sabem estabelecer parcerias. Com instituições de ensino superior, com laboratórios, com clientes, com fornecedores. Compete-nos a nós transmitir essa confiança tão precisa para que deem o salto em frente. Porque vale a pena e o esforço será sempre recompensado. Na sociedade em que vivemos existe cada vez mais uma meritocracia. E isso só pode ser boa notícia.
Manuel Au-Yong Oliveira, Colaborador na Unidade de Inovação e Transferência de Tecnologia (UITT)