INESC TEC desenvolve 1º software de ecoeficiência português
Ecoplanner fornece dados em tempo (quase) real sobre desempenho das empresas
Foi a pensar nas questões energéticas e ambientais, que condicionam cada vez mais a competitividade de uma empresa, que foi criado aquele que é o primeiro software de ecoeficiência português. O Ecoplanner analisa os indicadores de desempenho (KPIs) de uma empresa, medindo parâmetros como o consumo de água e de energia, emissões de gases poluentes, de resíduos e outros desperdícios, de forma a encontrar soluções alternativas com menor impacto ambiental e que reduzam também os custos da empresa.
A plataforma pretende conduzir à adoção de práticas mais eficientes, não só nos processos produtivos, mas também nos processos de manutenção e administrativos, aumentando a qualidade dos produtos ou serviços, com uma simultânea poupança de recursos económicos e ambientais. “O Ecoplanner pode auxiliar as empresas a encontrar processos de produção alternativos, com um menor custo associado, mas também com uma menor pegada ambiental”, explica o investigador da Unidade de Sistemas de Informação e de Computação Gráfica (USIG) do INESC TEC responsável pelo projeto, José Correia.
Toda a informação (relatórios de controlo interno, alertas de manutenção e desempenho de processos e equipamentos, por exemplo) é fornecida em tempo quase real, permitindo a tomada de decisões fundamentadas, com acesso a todos os dados relevantes e indicadores atualizados. O software, que pode ser usado a partir de qualquer browser de Internet, é “uma verdadeira ferramenta de apoio à decisão, pensada para dotar as empresas da capacidade de estar constantemente a pensar e a promover o aumento contínuo da sua ecoeficiência”, sublinha o diretor executivo da Ecoinside, Joaquim Guedes.
INESC TEC foi parceiro da Ecoinside desde o início do projeto
A plataforma, que foi apresentada publicamente no dia 31 de maio no INESC Porto, começou a ser desenvolvida em 2011 no âmbito do projeto Ecoplanner do QREN, liderado pela empresa Ecoinside, em que colaboraram o INESC TEC, a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e a Intelligent Sensing Anywhere (ISA).
O Ecoplanner colocou em estreita colaboração a Ecoinside (empresa que apresenta soluções em ecoeficiência e sustentabilidade) e a USIG, envolvida desde a génese no projeto. “Sendo uma ferramenta de apoio à decisão completamente inovadora à escala internacional, este foi um projeto de real investigação e desenvolvimento, muito ambicioso e que obrigou ao estabelecimento de uma relação muito grande de proximidade com o INESC TEC”, refere Joaquim Guedes, que desde cedo identificou a equipa da USIG como uma preciosa aliada.
O projeto no qual trabalharam os investigadores da USIG José Correia, Carlos Aldeias e Artur Capela, contou ainda com o apoio institucional do BCSD Portugal – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável.
Ferramenta está a ser testada na Sorgal
O protótipo já está a ser testado na Sorgal desde o início de junho, mas é ainda prematuro apontar conclusões efetivas sobre o impacto real da tecnologia na empresa. O administrador da Sorgal, João Pedro Azevedo, prevê que a ferramenta tenha impacto em questões como “o planeamento de produção, a conceção técnica dos produtos e na análise produto-cliente Activity Based Cost”, afirma.
Já o diretor executivo da Ecoinside, Joaquim Guedes, revela que “os valores de poupança em eficiência no consumo de recursos (água, energia, matérias-primas, entre outros) podem andar entre os 10 e os 25 por cento, sendo que a diminuição das emissões de CO2 pode chegar aos 35 por cento”. “Estima-se que no mínimo uma empresa possa poupar cerca de 100 horas em recursos humanos, na elaboração de documentos e relatórios internos para as entidades reguladoras”, acrescenta o diretor, salvaguardando que a poupança é relativa e depende de vários fatores como a dimensão da empresa, o nível de tecnologia que possui, a estratégia de aumento da ecoeficiência ou tipo de processos existentes, por exemplo.
O software foi instalado e configurado na Sorgal, mas pode ser replicado em qualquer unidade industrial, contribuindo para um desenvolvimento sustentável e inteligente, bem como para o aumento da competitividade.
* Créditos imagens 7 e 8: Sorgal