INESC TEC contribui para implementação de linha de montagem inovadora
Nova linha de produção é mais flexível e produz encomendas personalizados
A primeira apresentação pública de resultados dos projetos mobilizadores PRODUTECH decorreu na empresa ADIRA Metal-Forming Solutions, SA, a 6 de maio. Os projetos, centrados na área de gestão de operações e logística para produtos customizados, tiveram como objetivo desenvolver metodologias, ferramentas e equipamentos que permitam às empresas portuguesas produzir produtos customizados (personalizados às necessidades de cada cliente) de forma mais competitiva.
O resultado foi o novo ADIRA Production System, que assenta numa linha de montagem altamente flexível, alimentada por veículos autónomos que abastecem cada posto de trabalho com exatamente os materiais necessários para produzir encomendas personalizadas, totalmente integrada com os restantes sistemas e processos de gestão da empresa. Estas características vão permitir aumentar a rapidez e flexibilidade da produção e ao mesmo tempo reduzir para metade os prazos de entrega de máquinas totalmente customizadas.
A ADIRA, fabricante de máquinas para trabalhar chapa, já está a implementar o novo conceito de linha de montagem, que permitirá entregar aos clientes máquinas altamente customizadas no prazo de cerca de 10 dias. “Através deste sistema, a ADIRA poderá montar produtos de alto valor acrescentado e ser mais competitiva nos mercados nacional e internacional. Esperamos reforçar a nossa posição de fabricante mundial de referência de máquinas para trabalhar chapa metálica”, declara o CEO da ADIRA, António Cardoso Pinto, reforçando o potencial desta “fábrica piloto”, que poderá ser replicada noutros continentes, em países como a Índia ou o Brasil.
CESE e CROB colaboraram na conceção do sistema de produção
O projeto envolveu um consórcio alargado e multidisciplinar, abarcando áreas como a otimização de operações e layouts, o escalonamento e controlo da produção, a automatização de fluxos de materiais e informação, e a gestão de materiais e componentes. “Os resultados ilustram as potencialidades deste tipo de desenvolvimentos colaborativos, envolvendo empresas desenvolvedoras e utilizadores de sistemas de produção avançados e entidades do sistema científico e tecnológico, e também o impacto que estas tecnologias podem ter na competitividade da indústria transformadora”, declara José Carlos Caldeira, administrador executivo do PRODUTECH e diretor do INESC Porto.
Todo o sistema de produção da nova fábrica da ADIRA foi concebido por uma equipa coordenada pelo INESC TEC e pelo Instituto Kaizen. O INESC TEC, através do CESE e do CROB, ficou responsável pela atividade “Sistemas flexíveis para logística interna”. Neste âmbito, os investigadores projetaram a “Guinadoras”, termo criado para representar o conjunto de dois tipos de máquinas distintas mas que serão produzidas na mesma linha de produção e que resultou da fusão de “Guilhotinas” com “Quinadoras”. “Este foi um dos grandes desafios com que a equipa de projeto foi confrontada, já que as máquinas, apesar de estruturalmente semelhantes, apresentam tempos de montagem consideravelmente diferentes”, explica o investigador que coordenou a equipa do CESE, António Correia Alves.
No âmbito dos sistemas flexíveis para logística interna, o desafio foi o desenvolvimento de soluções de logística para a produção de produtos customizados e pequenas séries. As soluções desenvolvidas são compostas por veículos autónomos que asseguram a movimentação de materiais e produto em curso no chão de fábrica (AGV- Logística Interna) e o carregamento automático de camiões em armazéns (AGV – Carga de Camiões).
Uma plataforma de gestão, também resultado desta atividade, integra os ERPs (Enterprise Resource Planning) das empresas com os módulos logísticos permitindo o fluxo bidirecional de informação e assim propagar em tempo real para o chão de fábrica os resultados do escalonamento da produção. Na linha de produção da ADIRA foi possível demonstrar a elevada flexibilidade das soluções de logística interna na produção de produtos customizados e pequenas séries. “As sinergias criadas pelas equipas do CESE e CROB foram fundamentais no desenvolvimento dos veículos autónomos ao nível dos sistemas de navegação, localização e controlo, a coordenação da atividade ficou a cargo do INESC TEC”, nota o investigador Rui Rebelo.
A implementação do projeto integrou ainda o desenvolvimento do Motor de Otimização das operações de produção, a cargo dos investigadores Luís Guardão e Luís Lima, e o Veículo Autónomo dos investigadores Rui Rebelo e Pedro Ribeiro (CESE) e António Moreira, Héber Sobreira e Filipe Santos (CROB). A vasta equipa que trabalhou neste projeto PRODUTECH.PSI (Novos Produtos e Serviços para a Indústria Transformadora) inclui ainda Alexandra Marques, Luís Guardão, Paulo Sá Marques, Paula Gomes e Daniel Oliveira (CESE) e também André Araújo e Fernando Guedes (CROB).
O PRODUTECH
Os projetos mobilizadores PRODUTECH PSI e PRODUTECH PTI (Novos Processos e Tecnologias Inovadoras para a Fileira das Tecnologias de Produção), orçamentados, no seu conjunto, em 12 milhões de euros, são coordenados pelo Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica - CATIM e envolvem mais de 30 parceiros, entre empresas, instituições de ensino e investigação científica.
O Polo PRODUTECH pretende contribuir para o aumento da competitividade e da sustentabilidade da indústria transformadora nacional e internacional. Desenvolve a sua atividade no sentido de promover soluções inovadoras, flexíveis, integradas e competitivas, em estreita colaboração com os principais sectores da indústria e com entidades do sistema científico e tecnológico.
Os projetos são apoiado pelo Compete, no âmbito do Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico do Programa Operacional Fatores de Competitividade.
*antigas Unidade de Engenharia de Sistemas de Produção (UESP) e Unidade de Robótica e Sistemas Inteligentes (ROBIS)
Os investigadores com ligação ao INESC TEC referidos nesta notícia têm vínculo às seguintes entidades parceiras: INESC Porto e FEUP.
INESC TEC, maio de 2014