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INESC TEC consolida excelência na área industrial

O sucesso da Unidade de Engenharia de Sistemas de Produção (UESP) do INESC TEC, na área da gestão das operações e do desenvolvimento de soluções de otimização e apoio à decisão para empresas industriais, tem vindo a consolidar-se ao longo do tempo, à medida que o reconhecimento do trabalho de excelência da Unidade compreende um número cada vez mais alargado de empresas individuais, redes de colaboração e cadeias de fornecimento. Mas a verdade é que os últimos três anos foram ainda mais profícuos na concretização de novos projetos com o meio empresarial e, ao que parece, a crise tem mesmo dado um “empurrãozinho” à unidade.

INESC TEC consolida excelência na área industrial

UESP regista crescimento contínuo e sucesso nos projetos de gestão das operações e apoio à decisão na indústria

O BIP falou com os coordenadores da UESP, Jorge Pinho de Sousa e Luís Carneiro, sobre os ingredientes do sucesso e recupera, nesta edição, alguns dos projetos mais emblemáticos, bem como novos desafios que poderão seguir o mesmo rumo do sucesso.

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Crise “aguçou o engenho”

A vasta experiência da UESP no desenho e desenvolvimento de soluções inovadoras para problemas como o planeamento e escalonamento das operações e a otimização de cortes e empacotamentos, bem como a equipa que compõe a Unidade, “de dimensão e reconhecida nas áreas da otimização e do apoio à decisão” segundo Jorge Pinho de Sousa, são os principais fatores que garantem o êxito da unidade. A competência específica do grupo, “centrada num conjunto de técnicas algorítmicas (meta-heurísticas), para problemas de otimização combinatória” constitui, neste sentido, um elemento diferenciador, complementado com o saber em áreas como a gestão das operações e os sistemas de informação de apoio à gestão.

Apesar de tudo, estes não são os únicos elementos responsáveis pelo sucesso da Unidade e há ainda um outro que, de certa maneira, veio dar uma “ajuda”: a crise que o país e a Europa atravessam possui também a sua quota de responsabilidade no crescimento da UESP. “É evidente que a crise aguçou o engenho. É preciso utilizar melhor os recursos disponíveis e as empresas tenderão muito mais facilmente a investir em gestão e organização do que em equipamentos e tecnologia”, confessa Jorge Pinho de Sousa. Por outro lado, “empresas e entidades públicas apoiam e interessam-se cada vez mais pela melhoria da competitividade intimamente ligada à melhoria do desempenho dos processos produtivos e da inovação das empresas”, acrescenta Luís Carneiro.

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Setor do calçado tem sido uma aposta ganha

Duas dezenas é o número de projetos que a Unidade costuma ter simultaneamente em mãos, em vários setores de atividade. “O grosso da nossa atividade são projetos de investigação onde procuramos desenvolver soluções inovadoras, em parceria com os produtores de software ou fabricantes de equipamentos que estão no mercado”, explica Luís Carneiro.

A indústria do calçado tem sido aquela que mais tem beneficiado com as novas ideias dos investigadores, devido essencialmente a uma parceria “muito forte” existente desde há alguns anos com este setor de atividade. “O setor tem uma estratégia muito clara, e em virtude dessa estreita colaboração, têm também surgido projetos muito interessantes”, assegura ainda Luís Carneiro. O CEC-made-shoe e o Shoe-ID são disso bons exemplos.

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Shoe-ID e CEC-made-shoe

O Shoe-ID, concluído em junho deste ano, concretizou um propósito muito claro: melhorar toda a cadeia de fornecimento do setor de calçado, recorrendo à tecnologia RFID (Radio Frequency Identification). Na fase inicial da cadeia de valor do calçado são introduzidos identificadores RFID, de forma a facilitar o acompanhamento de toda a cadeia desde as primeiras operações de fabrico até ao consumidor final, eliminando a elevada carga documental em papel e tarefas sem valor acrescentado, otimizando as rotas de distribuição e introduzindo soluções inovadoras ao nível da interatividade entre produtor e consumidor. O Shoe-ID permitiu, deste modo, revolucionar a gestão da cadeia de valor da indústria do calçado, desde a produção até à gestão da loja.

Quanto ao CEC-made-shoe, foi um projeto de grande dimensão a nível europeu que envolveu a UESP, sobretudo em três áreas principais: integração eletrónica das empresas do calçado, gestão de qualidade e logística interna. Dos resultados obtidos pelo INESC TEC destacou-se o “One Step Production Process” (um novo conceito de produção de calçado numa única etapa e um inovador sistema de automação da logística interna), o “PICShoe” (um sistema de integração e coordenação da cadeia de fornecimento) e o “Pervasive Quality Control” (um novo ambiente de produção cujo principal objetivo é a elevada qualidade do produto final). O contributo do INESC TEC neste projeto permitiu alcançar melhorias substanciais nos processos de produção: materiais mais confortáveis e amigos do ambiente, sistemas/processos de gestão e fabrico mais versáteis e eficientes, ou novos modelos de negócio, são apenas alguns exemplos dos resultados do CEC-made-shoe. Entre os resultados com maior impacto na indústria do calçado contam-se ainda a conceção de novos produtos: o calçado biodegradável, inteligente (com capacidade para se adaptar às condições do ambiente) e sem costuras.

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COOL e AC/DC

O COOL foi desenhado originalmente para a indústria do papel. O software permitiu otimizar o procedimento de corte do papel no sentido de minimizar os desperdícios, acelerar a produção e melhorar a gestão de stocks de bobinas. Os benefícios deste projeto traduziram-se numa maior facilidade e flexibilidade de planeamento (predominantemente manual), maior rapidez e rigor produtivos, e um acompanhamento do processo produtivo e apoio à decisão mais completos. A nível económico, resultou ainda na poupança de milhares de toneladas de papel por ano.

Já a indústria automóvel beneficiou, e muito, com o AC/DC, um “projeto emblemático, e de grande impacto”, de acordo com Jorge Pinho Sousa. O projeto permitiu desenhar cenários de evolução da cadeia de fornecimento automóvel, antecipando a mudança de uma produção hierárquica tradicional para um processo concorrente baseado em conhecimento, que permita aumentar a capacidade industrial, reduzir stocks e configurar mais rapidamente novos produtos, em mais variantes, com mais qualidade e a mais baixos custos. O AC/DC introduziu mudanças revolucionárias no processo de fabrico de automóveis, possibilitando a construção de automóveis à medida do cliente, em prazos muito curtos (5-days cars). Neste contexto a UESP desenhou novos métodos de planeamento das operações e de balanceamento dos custos e benefícios ao longo da cadeia de fornecimento.

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Escalonador é o “best-seller” da unidade

Atualmente a funcionar em três dezenas de empresas, esta aplicação informática permite, em tempo útil, otimizar a ordem de execução de operações ou ordens de fabrico (“scheduling”). O seu algoritmo "inteligente" propõe planos ou soluções de qualidade, numa lógica de critérios múltiplos, escalonando com rapidez e eficácia um grande número de operações. O Izaro Grey é um dos produtos que usa o escalonador e otimizador da produção desenvolvido pelo INESC TEC. Este software venceu inclusivamente o Prémio Leonardo da Vinci da 3.ª Edição do Concurso de Inovação, em 2006.

Mais recentemente, foi estabelecida uma parceria com a Critical Manufacturing para a implementação de um novo sistema avançado de escalonamento para a indústria de alta tecnologia. Em curso contam-se ainda, entre outros, os projetos desenvolvidos no âmbito da PRODUTECH (cluster ligada às tecnologias da produção), o C Pack Bench Frame (quadro de referência completo para experiências computacionais em problemas de cortes e empacotamentos) ou o Cogninet (semântica cognitiva em Redes Colaborativas). Destes projetos são esperados resultados, a nível científico e em termos de impacto junto das empresas, com potencial para perpetuar o êxito da UESP.

BIP de outubro 2012

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