Fora de Série - Ricardo Vilaça
1. O que significa para si ser nomeado “Fora de Série” do BIP do INESC TEC?
Esta nomeação traz um sentimento misto de surpresa e satisfação. Por um lado, a surpresa da nomeação por parte de uma instituição com tantos colegas com enorme qualidade. Por outro lado, a satisfação do reconhecimento do trabalho que tenho vindo a desenvolver ao longo destes anos. Este reconhecimento serve como motivação adicional.
2. O High Assurance Software Laboratory (HASLab) tornou-se parceiro privilegiado do INESC TEC há cerca de um ano e meio. Qual é o balanço que faz desta parceria?
Penso que se trata de uma mais-valia que, apesar de ainda ser recente e de estar numa fase de integração, já propiciou diversos esforços de colaboração entre membros do HASLab e de outras unidades do INESC TEC, tais como candidaturas a projetos de Investigação e Desenvolvimento junto de várias entidades financiadoras. Por outro lado, a incorporação do HASLab num Laboratório Associado como o INESC TEC permitiu tirar partido de todo o suporte logístico existente (nomeadamente legal, comunicação e imagem, gestão de projetos, etc.) e alavancar sinergias com outros parceiros do INESC TEC.
3. Quais foram as novas competências que o HASLab trouxe para o INESC TEC?
O HASLab reúne competências no tratamento rigoroso de aspetos fundamentais para a confiabilidade do software, nomeadamente a correção através de métodos formais, a fiabilidade e resiliência e a segurança da informação. Em particular, destaco a fiabilidade e resiliência dos sistemas distribuídos e de Cloud Computing, que é a área onde foco a minha investigação. Estas garantias de confiabilidade do software são determinantes para certas áreas aplicacionais já existentes no INESC TEC e, desta forma, o HASLab veio complementar as competências previamente existentes.
4.Que imagem tem do INESC TEC agora que existe um contacto mais próximo com a instituição?
O contacto mais próximo permitiu confirmar a excelente imagem que o INESC TEC projeta para o exterior e perceber que esta imagem externa é um reflexo de uma grande equipa, competente e dedicada, e de um trabalho diário para que o INESC TEC seja um Laboratório Associado de excelência.
5. O Ricardo concilia a investigação científica com atividade empresarial, uma vez que é um dos cofundadores e é o Chief Technology Officer da start-up Dependableware. Quais são os principais desafios de conciliar estas duas atividades?
A Dependableware é uma start-up criada por mim e mais três colegas do HASLab e participou recentemente no programa COHiTEC da COTEC Portugal. A start-up é o resultado de vários anos de investigação e desenvolveu um software de gestão de bases de dados mais flexível, confiável, escalável e rentável do que os atualmente existentes no mercado.
Os principais desafios nesta conciliação são a gestão de tempo e a aprendizagem de novas competências mais focadas na gestão, nas quais um investigador de uma área tecnológica possui, naturalmente, uma lacuna.
Na gestão de tempo os aspetos mais importantes são a capacidade de eficazmente mudar de contexto (a qual tem vindo a ser melhorada pela participação em diversas atividades complementares à investigação) e a gestão de prioridades. Relativamente à aquisição de novas competências, esta tem sido facilitada pela participação em atividades organizadas pelo INESC TEC como o SEEW 2012 e o Ciclo de Workshops Spin-Up, assim como pela participação no COHiTEC.
6. Imagina-se abdicar da investigação científica para se dedicar de corpo e alma à start-up?
Apesar de em certos momentos, potencialmente de longo prazo, prever a necessidade de dedicar todas as forças à start-up, não me imagino a abdicar da investigação de forma permanente. Por um lado, é difícil renunciar ao “bichinho” da investigação, que está bem enraizado em mim. Por outro lado, penso que para o sucesso de uma start-up tecnológica como a nossa é impossível prescindir de uma componente de investigação.
7. O seu contributo para a elaboração da proposta do projeto “CoherentPaaS” teve um papel central para esta distinção. Sente-se confortável a preparar propostas para projetos, ou é uma tarefa que dispensaria?
Fruto da experiência da colaboração, com responsabilidades crescentes, em diversas propostas de projetos de investigação, esta é uma área na qual me sinto bastante confortável. Apesar de custosa e algo burocrática, esta tarefa deve, do meu ponto de vista, fazer parte da carreira de qualquer investigador, particularmente no contexto atual. Neste cenário é necessário redobrar esforços para obter financiamentos porque, por excelente que seja um investigador, é impossível obter bons resultados de investigação sem o financiamento adequado.
8. Também contribuiu para a sua nomeação para “Fora de Série” a participação nos projetos do "Plano Inovação" da PT Inovação. Como é, na ótica do investigador, a interação com um parceiro empresarial no âmbito de um projeto de I&D?
Apesar de a nossa investigação focar-se normalmente em aspetos bastante práticos e na implementação de protótipos que validem a ideia proposta, a interação com um parceiro empresarial permite obter outras competências não adquiridas num projeto de investigação mais académico. Para além disso, possibilita uma noção melhor dos problemas práticos com que uma empresa se depara no dia-a-dia, assim como uma validação mais rápida e eficaz da aplicabilidade de possíveis soluções.
9. De que forma é que o acompanhamento de mestrandos e doutorandos enriquece a sua atividade enquanto investigador?
Esta tarefa permite exercitar outras capacidades importantes para um investigador, tais como a responsabilização no acompanhamento de alunos de pós-graduação, a troca de ideias e o trabalho de equipa, assim como a possibilidade de trabalhar em diferentes áreas de investigação.
10. Terminaremos este questionário, pedindo que comente a nomeação da coordenação do HASLab.
O Ricardo Vilaça esteve no centro da proposta do projeto "CoherentPaaS: "A Coherent and Rich PaaS with a Common Programming Model" (um Integrated Project do 7º Programa-Quadro agora aprovado) e também nos projetos em Cloud Computing do "Plano Inovação" da PT Inovação, cuja quarta instanciação foi agora aprovada.
Para além disso, este bolseiro pós-doc tem tido ainda uma prestação "Fora de Série" na execução de projetos europeus e nacionais dentro do HASLab, bem como no acompanhamento dos trabalhos de mestrandos e doutorandos do grupo.
Esta nomeação só é possível devido a um grande ambiente no laboratório do qual faço parte e a uma equipa fantástica com a qual tenho a sorte de colaborar diariamente (na qual se incluem professores, alunos de pós-graduação e bolseiros de investigação). Em especial, gostaria de salientar o papel do meu orientador de doutoramento, Rui Oliveira, que sempre me incentivou e apoiou na aquisição de competências adicionais enquanto investigador: procura de financiamento, participação em projetos, acompanhamento dos trabalhos de mestrandos e doutorandos do grupo, organização de conferências, revisão de artigos, etc. Esta aprendizagem durante o doutoramento foi essencial para o trabalho e para este reconhecimento enquanto bolseiro pós-doc. Para além disso, gostaria de salientar o apoio da minha família nos momentos de maior exigência.
Só me resta agradecer este reconhecimento e desejo poder continuar a corresponder a todos os desafios que me forem propostos.