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Entrevista José Manuel Mendonça: "Gosto de pensar que somos um Think and do tank"

O início da atividade do INESC no Porto (em 1985), a alteração do modelo organizacional (em 1998), a pré-incubação de spin-offs como a FiberSensing ou a criação do modelo de Laboratório Associado são alguns dos marcos de uma "vida rica e intensa" do INESC TEC que o Presidente da Direção José Manuel Mendonça destaca agora que se comemoram três décadas de vida.

Presidente do INESC TEC reflete sobre o passado e o futuro do inesc tec

JMM

Numa entrevista especial para assinalar os 30 anos do INESC no Porto, José Manuel Mendonça classifica o momento atual da instituição como “excitante e vibrante”, reflete sobre o passado e revela os próximos passos do INESC TEC. Não termina sem deixar uma palavra de apreço e confiança aos mais de 800 colaboradores, de quem espera “um compromisso, uma competência, um esforço” importantes para a transformação da sociedade e do país.

1. Ao longo de três décadas, o INESC TEC levou a cabo milhares de projetos de investigação avaliada e referenciada internacionalmente, desenvolveu trabalho inovador para centenas de empresas portuguesas e estrangeiras, lançou empresas spin-off, internacionalizou-se com um fortíssimo envolvimento em projetos de I&D europeus e lançou o INESC P&D Brasil. Que marcos da história do INESC TEC é que gostaria que perdurassem na lembrança de todos os colaboradores, comunidade científica e portugueses em geral?

- A escolha é difícil, porque há muito a lembrar, muitos marcos a relevar numa vida rica e intensa como a da nossa instituição. Uma escolha rápida, sempre subjetiva e imperfeita, poderia recair na atividade emergente do INESC no Porto, iniciada em 1983, que culminou com a entrada da Universidade do Porto no instituto em maio 1985; nos primeiros projetos de I&D, que criaram infraestruturas laboratoriais únicas e trouxeram recursos de dimensão considerável para a investigação, como foi o caso do SIFO (Sistema Integrado de Fibras Óticas); no modelo de abertura, de inclusão, acolhendo professores, investigadores e alunos, que à época agitou as águas na universidade e não deixou ninguém indiferente; na 1.ª geração de spin-offs em Portugal; e na ancoragem com a indústria da região que muito cedo acreditou em nós!

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- Um segundo marco a acontecer é com certeza a alteração do modelo organizacional do INESC em 1998, com significativo aumento de autonomia e a construção de um modelo do INESC Porto que não só conservou mas potenciou o DNA original da instituição. Para que tal fosse possível, foi fundamental o papel do Prof. Pedro Guedes de Oliveira, à época o diretor responsável pelo INESC no Porto.

- Situaria o terceiro marco no ano 2003, no qual emergiu a 2.ª geração de spin-offs em Portugal num modelo assumido de pré-incubação do qual a Fibersensing é exemplo paradigmático. Seguiu-se a formalização das atividades na área de gestão inovação, com a perceção clara do poder enorme de resolução de problemas das cadeias de valor construídas no interior da instituição.

- Em 2010, destacaria a criação do modelo de Laboratório Associado, agregando unidades de I&D externas com as quais uma ligação inicial “fraca” de simples alinhamento estratégico em áreas de interesse comum evoluiu de forma rápida e suave, com enormes ganhos mútuos, para uma integração no modelo do INESC Porto.

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- O último marco é o momento atual: celebrar os 30 anos da instituição, com a classificação de Excelente na avaliação internacional da FCT, com a consolidação da dimensão e multi-institucionalidade do INESC TEC, com o reforço da ligação à universidade e politécnico decorrente do total reconhecimento do nosso papel, com o lançamento das plataformas TEC4X, com uma nova (3ª) geração de spin-offs e com a renovação das lideranças da instituição.

2. Se tivesse de definir o INESC TEC em três palavras quais escolheria?

Gosto de pensar que somos um Think and do tank, pelo enorme potencial que temos de gerar conhecimento e de o converter numa força transformadora ao serviço da sociedade.

3. Que avaliação faz do momento atual da instituição?

O momento atual do INESC TEC é excitante e vibrante, pelo enorme potencial para cumprir a sua missão, oferecendo ao país os múltiplos retornos do investimento em ciência. Contribuímos para a formação e qualificação dos nossos jovens ao mais alto nível, preparando-os para o mundo alucinante e global que terão de enfrentar, mas lutamos para que no seu país haja condições de futuro para as suas vidas e para as suas carreiras.

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4. Podemos considerar o INESC TEC um exemplo de sucesso de investigação científica em Portugal?

Sem dúvida, mas especialmente se entrarmos em conta com a vertente de transformação desse conhecimento em valor económico e social, em parceria com empresas industriais e de serviços, hospitais, autarquias, etc., pois é nessa vertente que somos diferentes da maioria das instituições de investigação.

5. Em 30 anos crescemos (não apenas em recursos humanos), abraçámos novas áreas de investigação, alargámos horizontes para outros polos e além Atlântico, desafiámo-nos, concretizámos e sonhámos com novas realizações. Como é que caracteriza o crescimento do INESC TEC nestas três décadas?

O crescimento do INESC TEC, na sua multi-institucionalidade, na diversidade de áreas científicas, na multiplicidade de iniciativas, no alcance que consegue ter, quer em termos internos quer nas principais redes internacionais, e sobretudo no impacto na sociedade das suas atividades e das pessoas que forma e lança no mercado de trabalho global, seria algo inimaginável em 1985.

Note-se que esse crescimento só foi possível graças ao modelo único de organização e governação e aos serviços de suporte de enorme qualidade que conseguimos criar, sem os quais a instituição nunca teria a capacidade e o desempenho que a tem caracterizado.

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6. Quais são os próximos desafios da instituição?

São muitos, muitos mesmo, de forma que escolho só duas vertentes. O primeiro desafio é consolidar, ajustar, melhorar o nosso modelo de organização da investigação, oferecer mais à universidade e ao politécnico, às empresas e ao país num caminho de internacionalização. O segundo é colocar sempre desafios novos e estimulantes aos jovens com talento e valor, para que acreditem que é possível construir um país melhor através da ciência e do conhecimento.

7. Que mensagem gostaria de deixar a todos os colaboradores do INESC TEC neste ano de aniversário?

A mensagem para os colaboradores é que podem orgulhar-se de pertencer a uma instituição que espera deles um compromisso, uma competência, um esforço, mas que esse compromisso, essa competência, esse esforço contam, são importantes para a transformação da sociedade e do país.

E deixar também uma nota de confiança no futuro do INES TEC como instituição de referência, e atribuo a isso a maior importância. É sabido que a confiança nas instituições, construída através da credibilidade, da competência e da ética, é um pilar no desenvolvimento dos países e sociedades para os quais gostamos de olhar como referência.

INESC TEC, maio de 2015

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