Conferência Internacional com cunho INESC TEC reúne especialistas e líderes políticos europeus
Estado da Arte da Sociedade da Informação debatido na EISCO 2012
Em cima da mesa estiveram os temas “Agenda Digital Local”, ”Governação Aberta”, “Dados Abertos” e “Crescimento Inteligente”. Houve tempo ainda para a apresentação de casos de estudo, para discussão de estratégias e soluções. Na temática do Open Government, Portugal aparece como um dos países com alguns casos de grande relevância. Autoridades europeias, administração regional e local da Galiza e do Norte de Portugal estiveram fortemente representadas na conferência, co-organizada pela Associação de Municípios do Vale do Ave (AMAVE) e pela rede European Local Authorities Network (ELANET), que contou com o suporte nacional do INESC TEC. As intervenções dos investigadores da Unidade de Sistemas de Informação e Computação Gráfica (USIG) do INESC TEC Alexandre Carvalho, Lino Oliveira e Rui Barros, bem como do diretor Mário Jorge Leitão, realçaram o contributo do Laboratório Associado para estas questões, numa altura em que os países começam a encarar o paradigma digital como essencial numa sociedade democrática contemporânea.
Abertura da conferência com honras de Estado
O secretário de Estado adjunto do Ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Feliciano Barreiras Duarte, abriu a sessão recordando algumas iniciativas (“empresa na hora”, “balcão do cidadão” e “cartão do cidadão”) que contribuíram para a modernização administrativa e para melhorar a relação dos cidadãos com as empresas e a administração pública. "Portugal tem um fortíssimo know-how, tem tecnologia e experiência nas Tecnologias de Informação e Comunicação", observou o secretário de Estado que assegurou a continuação do empenho português nessas áreas.
O tema da Agenda Digital Local foi trazido para discussão logo no início da conferência. Rui Barros, investigador da USIG e coordenador da ELANET, apontou a importância de compreender o contributo da Agenda Digital Local para o crescimento sustentável das regiões e o papel do open government enquanto motor do crescimento inteligente e garantia de sustentabilidade.
Martín Alvarez Espinar, diretor da World Wide Web Consortium (W3C) em Espanha, organização responsável pela padronização da Web, foi o orador incumbido de traçar em linhas gerais o cenário do open government. Referindo-se aos dados (“data”) como “o novo combustível da Era Digital”, aquele responsável explicou os benefícios e a importância dos dados abertos na sociedade atual. “O open government é algo necessário hoje em dia, pela questão da transparência que um governo oferece e que permite aumentar a confiança dos cidadãos estimulando uma cidadania ativa”, salientou Martín Espinar. Outros benefícios incluem responsabilização do cidadão, emprego e crescimento económico, inovação e interoperabilidade, participação e qualidade de dados.
TIC são ferramenta importante para enfrentar a crise
A relação das TIC com a crise atual acabou por ser uma questão transversal à conferência. “As TIC por si só não resolvem a crise nem tornam um país ou região competitivos, mas fornecem uma base de interação entre os agentes económicos, de transmissão da informação e da comunicação e é a partir dessa base que se consegue desenvolver um ecossistema inovador capaz de responder aos desafios que hoje se colocam”, afirmou, a esse respeito, o professor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, Carlos Melo Brito, um dos oradores convidados.
A importância das TIC e da inclusão digital da população para o desenvolvimento económico das regiões, e em larga escala, do país, foi uma das questões que gerou concordância entre várias autoridades presentes, nomeadamente o secretário-geral da AMAVE, Gabriel Pontes ou o Diretor do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Galícia-Norte de Portugal (AECT-GNP), Juan Lirón.
Quando questionado acerca da importância dos dados abertos para prevenir a crise, Hjörtur Grétarsson, Diretor de Informação da cidade Reykjavík, na Islândia (país que recentemente superou uma crise económica), disse que o acesso à informação não resolveria a crise mas ajudaria a enfrentá-la. Grétarsson acrescentou também que os cidadãos estão atualmente a pedir mais dados e informação uma vez que isso lhes possibilita tomar conhecimento e compreender as formas de atuação do poder político.
Freguesias desempenham papel crucial na inclusão das populações
A plataforma e-mili@ desenvolvida pela Unidade de Sistemas de Informação e Computação Gráfica (USIG) e pelo Serviço de Informática de Gestão (SIG) do INESC TEC constituiu um dos casos de estudo apresentados pelo município de Santa Maria da Feira. O portal constitui um exemplo de inclusão digital da população sénior daquele concelho e é um reflexo do contributo dos INESC TEC nestes assuntos.
Neste âmbito, passou também pelo púlpito o presidente da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE), Armando Vieira. Enquanto entidade mais próxima das populações, são as Freguesias quem tem o maior papel na inclusão digital do cidadão. O dirigente ilustrou a questão com alguns projetos desenvolvidos por todo o país, nomeadamente o apoio na utilização dos serviços electrónicos da administração pública.
Muitos mais especialistas passaram pelos vários palcos da EISCO 2012 durante os três dias da conferência que pela primeira vez passou por Portugal. Representantes de Espanha, Dinamarca, Islândia, Noruega, República Checa, Suécia, França, Itália, Estónia, Lituânia ou Portugal exemplificaram através de boas práticas a importância dos temas em debate na conferência. Entre elas, “cloud computing”, tecnologias de satélite e móveis, “smarth growth” ou “silver economy”.