Cibersegurança: como podes proteger os teus dados na Internet
Com o crescimento das redes sociais, o aumento de formas de partilha de dados ou o pagamento de serviços pela internet, surgem cada vez mais questões relacionadas com a cibersegurança e a proteção de dados online.
O caso Snowden, com a denúncia dos programas de vigilância e espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) norte-americana, deu nova escala à atenção e preocução geradas à volta da segurança na internet.
«As pessoas, empresas e governos usam cada vez mais a Internet para comunicarem, partilharem informação e implementarem processos que de outra forma seriam difíceis ou até mesmo impossíveis de conseguir. Aquilo que até há duas décadas não passava do plano dos computadores pessoais, está agora a convergir para a «nuvem» como, por exemplo, motores de busca - Google e Bing -, redes sociais - Facebook, Twitter e LinkedIn - e serviços de partilha de ficheiros - Dropbox, Google Drive e SkyDrive», comenta Jaime Dias do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto (INESC-TEC), ao Canal Superior.
Contudo, esta facilidade na partilha e acesso a informação aumenta o risco de ataques «cada vez mais complexos» como acontece, por exemplo, através de redes Wi-Fi. Por outro lado, o uso de redes sociais como o Facebook também pode pôr em risco a segurança dos utilizadores: «Muitas vezes os utilizadores desconhecem de que forma é que uma rede social como o Facebook monitoriza as suas atividades e o que faz com essa informação».
Mas como é que podes navegar na internet de forma segura?
«Os utilizadores devem sempre configurar as suas redes Wi-Fi (casa e empresas) com segurança (WPA2). No caso de acederem através de pontos de acesso Wi-Fi públicos, como cafés ou restaurantes, devem recorrer a VPNs (redes privadas virtuais). Caso não disponham de uma, não devem trocar informação sensível em claro. Devem usar, sempre que disponível, sessões seguras (HTTPS)», refere Jaime Dias.
Para além disso, é crucial ter um antivírus atualizado, evitar o uso do endereço de email pessoal ou profissional para registo num site e «pensar duas vezes antes de partilhar informação pessoal através de redes sociais, ou partilha de ficheiros com informação sensível através da nuvem».
Se procuras um software de navegação online anónima e com ocultação de localização, o Tor é a solução. Este software redireciona oo tráfego «através de uma série de redes constituídas por mais de 500 nós espalhados pelo mundo» e foi utilizado por Edward Snowden, em junho de 2013, para enviar informações sobre o sistema de espionagem PRISM ao Washington Post e ao The Guardian.
No que diz respeito a motores de busca, o DuckDuckGo não guarda nem partilha a informação pessoal dos utilizadores e desde o escândalo da NSA viu o número de utilizadores duplicar. «O Google recebe mais pedidos num dia que o DuckDuckGo num ano. Contudo, é expectável que motores de busca e outros serviços que respeitem a privacidade dos utilizadores venham a ganhar maior peso a longo prazo», realça o investigador do INESC-TEC.
Por outro lado, existem também várias extensões, como o AdBlock Plus, que bloqueiam publicidade, scripts e cookies que rastreiam os padrões de navegação do utilizador.
Pen do C3P vai garantir navegação anónima
O Centro de Competências em Cibersegurança e Privacidade (C3P) da Universidade do Porto está a desenvolver uma pen que permitirá pré-configurar de raíz um conjunto de aplicações, mais utilizadas pelos cidadãos, e instalar um plug-in para garantir a navegação anónima e privacidade.
«Quem distribui os softwares não tem estas preocupações e, desta forma, o utilizador poderá navegar de formar segura sem existir o «tracking» do seu comportamento online», explica Luís Antunes, diretor do C3P, ao Canal Superior.
O serviço é lançado no site da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) a 11 de fevereiro e o seu download é gratuito.