Cadê Você?
André fernandes, upin, Técnico de transferência de tecnologia
- Ano em que entrou e saiu do INESC Porto: 2005-2006
- Unidade(s) do INESC Porto com que colaborou: Departamento de Informação e Logística (DIL)
- Título(s) do(s) projeto(s) em que participou:
Testemunho relativo a sua experiência desde a sua saída do INESC Porto
A minha saída do INESC Porto, no início de 2006, foi motivada por um misto de incerteza, quanto à continuação do vínculo contratual com a instituição no médio prazo, de ímpeto aventureiro, ajudar a organizar financeira e administrativamente uma empresa de construção civil recentemente instalada em Angola, e de ambição, pelas acrescidas responsabilidades profissionais. Esta decisão foi igualmente motivada pelo incentivo financeiro que o novo compromisso profissional trazia.
Esta experiência foi atribulada, mas intensa em trabalho e espantos mwangulés a respeito de gentes e paisagens, mas também de princípios (como a ética e equidade) e de direitos (como a educação, saúde ou habitação).
O regresso às origens tirou-me o emprego e o trabalho de o encontrar mostrou-me a atual casa, em granito centenário, central, a Universidade do Porto, cujas portadas se abrem à economia também pelo esforço do seu jovem gabinete de transferência de tecnologia.
Há seis anos na UPIN – Universidade do Porto Inovação a fomentar parcerias público privadas das sãs, aquelas que tornam a indústria mais inovadora e que ao mesmo tempo aplicam as competências e os resultados de investigação e desenvolvimento da Universidade do Porto, interajo amiúde com o INESC Porto, ou não fosse este Interface Associado da Universidade do Porto um exemplo do trabalho de excelência que se faz no Sistema Cientifico e Tecnológico Nacional (mas isso vocês já sabem).
Remato para golo dando-vos novas da conclusão do projeto académico que iniciei durante a minha colaboração no INESC Porto. Na loja do mestre André, a música que brada aos céus da astronomia são os benefícios económicos (não apenas os científicos e culturais) que esta ciência fundamental nos traz.
Na sua opinião como é que a sua experiência no INESC Porto ajudou no novo papel?
Comparo a minha experiência no INESC Porto à incubação de uma natalidade. E a madrinha é a Marta Barbas, que propôs a minha entrada nesta organização.
Depois de um longo período de desemprego (nove meses), a minha autoestima profissional foi alimentada pela competência, camaradagem, espontaneidade e humor da equipa do DIL. Para a investigação alcançar níveis de excelência, será condição que esta esteja alicerçada numa organização campeã (não apenas nos torneios futebol).
A gestão em ciência e tecnologia do INESC Porto deu músculo às minhas competências em planeamento, organização e monitorização de projetos de investigação e desenvolvimento. Também espicaçou os meus sentidos para a rede de investigadores(as) da vossa instituição e da Universidade do Porto, bem como para o ecossistema da inovação português.
O profissional em transferência de tecnologia e inovação nasceu pelas mãos da Universidade do Porto, mas foi decisivo o ADN curricular do INESC Porto.
Na sua opinião, o INESC Porto mudou em quais aspectos desde a sua saída?
Nesta segunda participação no BIP não escreverei palavras que desmanchem prazeres, como sucedeu em 2005, na minha primeira participação, por altura da comemoração dos 20 anos do INESC Porto. Até porque não haverá muito a apontar, do ponto de vista de quem assiste de fora. A comunicação está a fazer um bom trabalho!
O INESC Porto está a crescer, via INESC TEC, e a internacionalizar-se, não só através da angariação de projetos e de contratos, mas também organicamente. Está também a diversificar-se para outras áreas de intervenção, com novas unidades. Aqui destaco a UITT (Unidade de Inovação e Transferência de Tecnologia), cujo papel na gestão da inovação, transferência de tecnologia e fomento do empreendedorismo (interno e externo) vem responder à necessidade já sentida em 2005 de encontrar outras vias de valorização do conhecimento e dos(as) membros da instituição. Sei também que o papel do comercial da instituição também se tornou mais explícito e especializado, o que, pela minha experiência de “vendedor” da U.Porto, aumentará a eficácia no estabelecimento de parceiras e na angariação de receita.
O que não será tão claro para mim (eventualmente por desconhecimento) são a política de propriedade intelectual do INESC Porto e a politica de repartição dos custos e benefícios de projetos em que participem recursos materiais e investigadores(as) que trabalhem quer no INESC Porto, quer na U.Porto. Em matéria de definição de politica de propriedade intelectual, a UPIN, com o seu histórico, poderá dar um contributo.
Deixo para o fim, com o merecido destaque para o Professor José Manuel Mendonça, a referência à energia que o INESC Porto colocou na UTEN - University Technology Enterprise Network, uma organização que é um marco em Portugal na formação e valorização de empreendedores e profissionais de transferência de tecnologia e inovação, como eu. Nesta atividade o futuro será menos incerto se forem tomados em consideração os bons exemplos do passado.