Agora já é possível ter um imóvel em movimento
“Made in Portugal”, este é um projeto pioneiro no mundo inteiro” e que tem como base “um conceito de arquitetura viva, inovação e sustentabilidade que interage com a natureza, mais propriamente com o sol, que se funde com a envolvente e fundamentalmente que se adapta às necessidades do momento e das famílias”, começa por explicar o seu mentor.
Na base de tudo isto está o sistema “CEM”, desenvolvido pelo arquiteto da FAUP em colaboração com uma equipa multidisciplinar da FAUP, FEUP, LNEG, INEGI e INESC Porto, e que permite ao edifício tirar o máximo partido da energia do sol apostando na mutação dos espaços. Ou seja, “os espaços da “casa em movimento” são mutáveis ao longo do dia, de acordo com as rotinas e as necessidades específicas dos seus habitantes. Esta mutabilidade resulta da interação entre a casa e o sol que permite redesenhar constantemente os espaços interiores e exteriores”, resume Manuel Vieira Lopes.
Uma casa que funciona como um girassol
Manuel Vieira Lopes admite que esta é uma solução cheia de elementos disruptivos em relação às casas modulares, não só do ponto de vista da sua sustentabilidade, mas também pela forma como se adapta ao crescimento orgânico das famílias residentes. Tendo já sido descrita como “uma casa que funciona como um girassol”, a solução Casas em Movimento “vem resolver problemas de falta de adaptabilidade, flexibilidade, mobilidade, autossuficiência, sustentabilidade e redução de emissão de CO2, mas fundamentalmente tudo isto num produto integrado”, resume o seu mentor.
Do ponto de vista da sua adaptabilidade, o arquiteto realça “a capacidade de adicionar ou subtrair módulos ao edifício, em função da necessidades do seu utilizador”, quer se trate de uma família ou de uma empresa. No que toca à sustentabilidade, o destaque vai para a “utilização de materiais amigos do ambiente e através do movimento, o que se traduz na redução de 45 m² de área do edifício”, entre outros aspetos. Em termos da sua flexibilidade, Manuel Vieira Lopes chama a atenção para a “capacidade do edifício modificar os seus espaços interiores conforme as necessidades do utilizador ao longo do dia (ex: maior sala na hora de jantar) e de forma passiva”. Além disso, é “mais que autossuficiente” energeticamente, estado capacitada para produzir cinco vezes mais energia do que aquela que consome. Relativamente à sua mobilidade, este edifício não só pode ser facilmente transportável para outro local, como também tem “capacidade de abastecer viaturas elétricas com os seus excedentes, permitindo a realização de 160 000Km/ano”. A cereja em cima do bolo é a sua “capacidade de redução de emissão de CO2 para a atmosfera, com o mínimo de 17 ton/ano e até 37 ton/ano (quando excedentes utilizados em viaturas elétricas)”.
Público - Imobiliário, 19 de novembro de 2014