Acha que investir em energia renováveis é um luxo?
Eduardo de Oliveira Fernandes
Presidente do Conselho de Administração da Agência de Energia do Porto
A pergunta é um 'non sense'. Haverá energias renováveis, leia-se tecnologias de aproveitamento de energias de fontes renováveis, em que o investimento (ainda) seja um luxo, mas a verdade é que as energias renováveis serão o suporte energético do futuro. Então, perante o efémero 'ainda' e a perenidade da presença e valia das fontes renováveis, justificadas pelo ambiente global, apenas se impõe a racionalidade que não seja ignorância, seguidismo (colonialismo) tecnológico, 'novoriquismo' saloio, efémera propaganda.
Isabel Cancela de Abreu
Diretora do Departamento Técnico da APREN
Todos os bons investimentos pressupõem um retorno. Os investimentos em energias renováveis ou em eficiência energética não são um luxo, pois geram um retorno direto, tanto económico (o que satisfaz os interesses privados) como ambiental (o que satisfaz os interesses públicos). Mas ainda, este tipo de investimentos tem a vantagem de também gerar retorno indireto com benefícios para a economia do País, como a redução da dependência energética, a geração de emprego ou a criação de know how.
Manuel Matos
Professor catedrático da FEUP e Investigador do lNESC TEC
Não. As energias renováveis são indispensáveis para a sustentabilidade energética (aquecimento global, etc). Considerar que são um luxo é uma forma de tentar passar a responsabilidade para outros, numa matéria que nos afeta a todos. Além disso, o Investimento em renováveis diminui a dependência energética (e as importações) e a exposição ao risco de uma escalada dos preços do petróleo e gás. E, em Portugal, há produção industrial exportadora nesta fileira. Tudo isto compensa bem os sobrecustos.
Teresa Ponce Leão
Presidente do Conselho Diretivo do LNEG
Não é um luxo é uma obrigação! Ao querermos um futuro baseado no princípio da sustentabilidade, melhor ambiente, melhor sociedade e desenvolvimento económico temos que defender que a origem da nossa energia seja diversificada e cada vez menos poluente, com menos impacto ambiental e social. Tal só é atingível com um contínuo investimento em renováveis - não esqueçamos que uma barragem hidroelétrica se inclui nas energias renováveis. Esse investimento deve, no entanto ser responsável, criterioso e baseado nos avanços da investigação, não um mero expediente para garantir um investimento de retorno fácil e garantido. Mas, mais importante ainda, não se deve substituir ao investimento em cada vez menos consumo de energia na indústria, nos transportes, no nosso local de trabalho e em nossas casas. Não economizar energia e produzi-la...isso é um luxo!
Indústria e Ambiente nº75, julho/agosto 2012