A importância da Indústria da Energia para o relançamento da economia portuguesa
João Abel Peças Lopes, Co-editor da Indústria e Ambiente nº 75
Professor Catedrático da FEUP e Diretor do INESC Porto
Durante as últimas décadas, os desenvolvimentos específicos da realidade portuguesa têm-se centrado: i) na crescente liberalização dos mercados energéticos, ii) na melhoria da eficiência energética, e iii) na diversificação das fontes primárias de energia, em particular através da promoção das energias renováveis, de forma a diminuir a dependência externa e a exposição ao risco do preço dos combustíveis fósseis e assegurar o cumprimento dos compromissos ambientais e energéticos assumidos a nível da UE. Este cenário é aliás comum a todo o espaço Europeu e tem vindo a desenvolver-se também na América do Norte e em alguns países da Ásia, conduzindo ao desenvolvimento de uma economia mais descarbonizada, também denominada de economia verde.
"Uma das formas de relançar a economia portuguesa passará pelo reforço da chamada inovação verde, criando soluções inovadoras de base tecnológica que transferidas para a indústria permitam produzir e exportar produtos com elevado valor acrescentado e que alimentem as necessidades desta economia"
É pois fácil de compreender, que, neste cenário, uma das formas de relançar a economia portuguesa passará pelo reforço da chamada inovação verde, criando soluções inovadoras de base tecnológica que transferidas para a indústria permitam produzir e exportar produtos com elevado valor acrescentado e que alimentem as necessidades desta economia. Tal implica a definição de políticas que permitam a consolidação e o reforço das capacidades do Sistema Científico e Tecnológico Nacional (SCTN) e da indústria portuguesa, em particular em nichos bem definidos, levando ao reforço e especialização do cluster tecnológico da área da energia.
De entre os domínios tecnológicos onde interessa apostar estão os que envolvem os sub-sistemas para conversores de energia eólica e solar fotovoltaica e soluções que, integrando tecnologias da informação e das comunicações, permitam gerir e controlar redes elétricas com elevado volume de integração de produção distribuída e renovável, envolvendo a resposta ativa da procura, bem como a gestão da mobilidade elétrica.
Por outro lado, é importante desenvolver simultaneamente políticas internas que, adaptadas à situação atual, permitam consolidar as opções que tem vindo a ser prosseguidas, para que as soluções a desenvolver alimentem o mercado interno e permitam atingir as metas Europeias definidas para 2020 no setor da Energia.